O que é? Quais são os sintomas? Como ajudar?
Por que há crianças que parecem ficar ansiosas, em pânico ou sobrecarregada com muita facilidade? Parecem ser mais sensíveis a sons, cheiros e texturas em comparação com outras crianças de sua idade. Então elas podem estar com sobrecarga sensorial.
Nunca ouviu falar de sobrecarga sensorial?
Não sabe o que é ou como é? Talvez saiba mas não sabe ao certo como ajudar?
O que é sobrecarga sensorial?
A sobrecarga sensorial ocorre quando o cérebro recebe mais informações dos sentidos (visão, olfato, paladar, tato e som) do que pode processar e interpretar simultaneamente.
Quando isso acontece, as pessoas tendem a se sentir sobrecarregadas ou ansiosas. Eles podem até começar a entrar em pânico ou entrar em colapso.
Quase todo mundo experimenta sobrecarga sensorial em um momento ou outro. No entanto, para alguns, incluindo pessoas altamente sensíveis e em certas condições, isso pode acontecer com mais frequência e pode ser desencadeado mais facilmente.
Pode até interferir em sua qualidade de vida e dificultar (ou às vezes impossibilitar) a participação em determinadas atividades.
O que causa a sobrecarga sensorial?
Atualmente não está claro exatamente o que causa a sobrecarga sensorial. Entretanto, algumas pesquisas sugerem que certas pessoas podem estar biologicamente mais propensas a sentir esta sobrecarga. Pessoas não sentem estímulos da mesma forma, os sentidos de algumas são mais sensíveis do que outras – conhecido como espectro sensorial.
Também podem ser mais sensíveis a diferentes estímulos devido a outros fatores – dormiu mal, tem dor de cabeça ou não se sente bem; e mais facilmente incomodados por ruídos, pessoas, temperatura, etc.
Os pesquisadores descobriram anormalidades na substância branca do cérebro em crianças com distúrbios de processamento sensorial. A substância branca é composta por fibras nervosas e é responsável pela transferência de informações dentro do cérebro.
As experiências de sobrecarga podem ser motivadas por componentes biológicos. Mas há também casos de componentes resultados de, por exemplo, um trauma, que pode tornar uma pessoa ser mais sensível a certos tipos de entradas sensoriais (como ruídos altos) do que outras.
O espectro sensorial
O termo “espectro sensorial” descreve o conjunto de diferenças sensoriais que existem de pessoa para pessoa. A maneira como uma pessoa sente e interpreta os estímulos é uma experiência individualizada.
Além disso, todos têm preferências sensoriais. Isso é chamado de viés sensorial. É a razão pela qual pessoas gostam de comidas, músicas, atividades diferentes, etc.
Um viés sensorial só é um problema quando restringe ou limita severamente a produtividade. Ou, quando interfere no prazer da vida.
Condições relacionadas à sobrecarga sensorial
Qualquer um pode sentir sobrecarga sensorial. No entanto, pessoas com as seguintes condições podem ser mais sensíveis a estímulos e mais propensas a apresentar sintomas de sobrecarga sensorial:
- Autismo
- TDAH
- Distúrbio de Processamento Sensorial
- TEPT (transtorno de estresse pós-traumático)
- Síndrome alcoólica fetal
- Síndrome de Down
- Síndrome de Tourette
- Outros transtornos do desenvolvimento
Quais os sintomas da sobrecarga sensorial?
A sobrecarga sensorial pode causar uma variedade de sintomas físicos e emocionais. Também pode variar de pessoa para pessoa.
A seguir estão alguns dos mais comumente relatados:
- Irritabilidade ou agitação extrema
- Sentir-se sobrecarregado
- Desejo de tapar ouvidos, olhos ou fugir de uma situação ou lugar
- Sentimentos de ansiedade ou medo
- Desejo de que tudo ao seu redor apenas “pare”
- Desorientação
- Incapacidade de ignorar as entradas sensoriais (sons altos, cheiros fortes, etc.)
- Perda de foco, de concentração
- Calor ou tontura
Esses sentimentos podem variar de leves a graves e pioram quanto mais tempo a pessoa fica exposta aos estímulos excessivos.
Comportamentos indicadores de sobrecarga sensorial
Às vezes, parece que as crianças estão agindo intencionalmente, evitando a atividade escolar ou sendo desafiadoras. Este é especialmente o caso durante um colapso sensorial.
Crianças com sobrecarga sensorial podem apresentar alguns dos seguintes comportamentos:
- Incapaz de ficar parado
- Tentar sair de determinados locais ou situações (por exemplo, a sala de aula durante as atividades em grupo)
- Cobrir o rosto ou fechar os olhos
- Tapar seus ouvidos
- Chorar
- Explosões ou frustração intensa repentina
- Agressão ou agitação
- Não comunicar o que está errado
- Não ouvir o que você está dizendo a ela
- Colapsos
As crianças muitas vezes não conseguem comunicar diretamente que estão se sentindo sobrecarregadas ou vivenciando uma sobrecarga sensorial, por isso é importante observar seu comportamento e tentar refletir sobre o que está acontecendo por dentro.
Há sempre uma razão para o mau comportamento, mesmo que a causa não seja visível.
Como ajudar?
IMPORTANTE! Como ajudar uma criança em estado de sobrecarga sensorial?
Se a criança frequentemente sofre com sobrecarga sensorial, pode ser benéfico falar com um terapeuta ocupacional.
Os terapeutas ocupacionais podem avaliar as necessidades sensoriais da criança e criar uma dieta sensorial para ajudá-las. Uma dieta sensorial é um conjunto de atividades cuidadosamente projetado que dão apoio às necessidades sensoriais da criança e ajudam a reduzir os desafios de processamento sensorial.
Quando a criança está com sobrecarga sensorial, pais e professores também podem usar várias estratégias para acalmá-la.
Estratégias para acalmar
Se a criança começar a ter sobrecarga sensorial, repreendê-la ou dizer-lhe para “parar com isso” não é uma estratégia útil.
Nestes momentos, o que ela precisa é sentir-se apoiada e ter seus sentimentos entendidos e validados.
Se possível, ela deve ter uma estratégia de saída, caso precisem fugir de uma situação avassaladora. Por exemplo, se houver uma festa em casa, talvez ela precise ir para o quarto e fazer uma pausa de tudo que os convidados estão falando alto ao seu redor. Basicamente, ela precisa de uma maneira de diminuir ou remover a entrada sensorial que está criando a sobrecarga.
Depois, orientar seu filho através de alguns exercícios de respiração ou de atenção plena (“mindfullness”) para ajudar a acalmar o sistema nervoso também é útil. Entretanto, é preciso ensinar essas técnicas de acalmar quando a criança estiver calma e não no momento da crise.
Estratégias de prevenção
Saber como ajudar a parar a sobrecarga sensorial é importante. Mas antes, ser capaz de prevenir que isso aconteça é ainda melhor.
Eis algumas das estratégias eficazes de prevenção:
- Identifique os gatilhos que desencadeiam a sobrecarga e planeje com antecedência para evitar ou reduzir sua intensidade
- Tenha um espaço seguro e calmo que acriança possa usar quando estiver sobrecarregado.
- Tenha uma sala sensorial onde ela possam explorar a entrada sensorial com segurança ou usando recursos sensoriais calmantes (sons ou músicas relaxantes, redutores de iluminação, fones de ouvido que reduzem o ruído, etc.)
Extraído e adaptado do artigo : Sensory Overload In Kids — What It Is, Symptoms, & How to Help publicado em HE’S-EXTRAORDINARY. Para ler artigo original, clique aqui.
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos de autismo aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
Tradução e adaptação: Equipe SevenSenses
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