O que é integração sensorial
Primeiramente vamos falar sucintamente o que é Integração Sensorial.
Crianças e adultos com alguma deficiência de desenvolvimento, podem ter um sistema sensorial disfuncional – referido como distúrbios de integração sensorial ou disfunções do processamento sensorial.
Às vezes, um ou mais sentidos são super ou sub-reativos (hiper-responsivo ou hipo-responsivo) a estímulos. No caso de autistas, por exemplo, esses problemas sensoriais podem ser a razão subjacente para comportamentos diruptivos e repetitivos, como bater, girar e balançar as mãos.
Embora os receptores para os sentidos estejam localizados no sistema nervoso periférico (que inclui tudo, menos o cérebro e a medula espinhal), acredita-se que o problema decorre da disfunção neurológica no sistema nervoso central – o cérebro.
As informações enviadas pelos receptores sensoriais chegam ao cérebro com alguma distorção ou o cérebro não processa corretamente a informação enviando ao corpo uma resposta inadequada.
Como funciona a Integração sensorial
A integração sensorial é um processo neurobiológico inato e refere-se à integração e interpretação da estimulação sensorial do ambiente pelo cérebro.
Por outro lado, a disfunção integrativa sensorial é um distúrbio no qual a entrada sensorial não é integrada ou organizada adequadamente no cérebro e pode produzir graus variados de problemas no desenvolvimento, processamento de informações e comportamento. Assim, podem:
- Afetar o comportamento de uma pessoa nas atividades em casa, na escola ou no trabalho.
- Pessoas com problemas de processamento sensorial podem sentir toques, paladar, cheiros, sons e outras sensações de modo diferente; algumas podem sentir mais intensamente e outras simplesmente não sentir.
Uma teoria geral de integração sensorial e tratamento que foi desenvolvida pela Dra. A. Jean Ayres a partir de estudos nas neurociências e aqueles relativos ao desenvolvimento físico e função neuromuscular.
A interconexão entre os sentidos
A integração sensorial concentra-se principalmente em três sentidos básicos – tátil, vestibular e proprioceptivo. Suas interconexões começam a se formar antes do nascimento e continuam a se desenvolver à medida que a pessoa amadurece e interage com seu ambiente.
Os três sentidos não estão apenas interconectados, mas também estão conectados a outros sistemas no cérebro. Embora esses três sistemas sensoriais sejam menos familiares que a visão e a audição, eles são críticos para nossa sobrevivência básica.
A inter-relação entre esses três sentidos é complexa. Basicamente, eles nos permitem experimentar, interpretar e responder a diferentes estímulos em nosso ambiente.
Problemas de Integração Sensorial e a Síndrome de Down
Problemas de processamento sensorial são relativamente comuns em pessoas com síndrome de Down, e certas dificuldades são mais frequentes que outras. No entanto, é importante lembrar que cada pessoa é única, e nunca se deve presumir que uma pessoa com síndrome de Down terá os mesmos problemas sensoriais de outra.
Importante também enfatizar que, embora os déficits sensoriais sejam frequentemente associados ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), pessoas podem ter déficits sensoriais sem necessariamente ter um diagnóstico adicional de TEA.
Sistema Proprioceptivo
O Sistema Proprioceptivo é aquele que controla a entrada sensorial para os músculos e articulações. Pessoas com síndrome de Down tendem a ter baixo tônus muscular, o que pode afetar a forma como o cérebro interpreta a entrada sensorial que chega através de seus músculos e articulações e, também:
- Exigem mais estímulo proprioceptivo em seus músculos e articulações para ajudar a regular o corpo.
- Podem ter dificuldade de regular a força aplicada pelos seus músculos; assim por exemplo, podem aplicar muita pressão a um objeto a ponto de quebrá-lo ou aplicar pressão insuficiente e ter dificuldade em segurar um objeto ou ainda, ter falta de habilidades motoras finas.
Disfunções nos outros sistemas sensoriais
Para pessoas com Síndrome de Down, disfunções de processamento sensorial podem tornar desafiantes tarefas simples do dia a dia, como tomar banho, vestir-se e comer.
Algumas das situações enfrentadas por pessoas com Síndrome de Down
- Muitas vezes não toleram creme em sua pele, apesar de ela estar seca.
- Algumas não gostam de água tocando seu rosto, o que afeta o banho e a higiene.
- Outras podem não gostar de usar meias, sapatos ou outras peças de roupa por causa da textura; a mudança de roupa de uma estação para outra também pode ser uma dificuldade.
- Podem ter problemas alimentares:
- Serem seletivos quanto aos alimentos
- Por questões proprioceptivas, precisam encher a boca para sentir a comida
- Dificuldade de sentir sede ou saciedade (plenitude)
- Podem ter perda auditiva ou se sentir sobrecarregados sensorialmente com sons altos; ou ao contrário, se forem hipo-responsivos, pedirem sempre sons mais altos (veja diferença entre hiper-responsividade e hipo-responsividade)
- Podem ter dificuldade em subir e descer escadas o andar em superfícies irregulares
Enfrentando os problemas sensoriais
Abordagem desses problemas deve contar com apoio de profissionais de Terapia Ocupacional com formação e experiência em Terapia de integração Sensorial.
Após uma avaliação o terapeuta ocupacional pode fornecer um plano de tratamento personalizado, planejado e especialmente projetado para atender às necessidades sensoriais específicas de cada criança.
Referências
BRUNI, M. (2016). Habilidades Motoras Finas em Crianças com Síndrome de Down. 3ª edição. Bethesda, MD: Woodbine House.
Will, E., et all (2019). Processamento sensorial e comportamento desadaptativo: Perfis dentro do fenótipo da síndrome de Down. Físico e Ocupacional Terapia em Pediatria, 39(5), 461-476. https://doi.org/10.1080/01942638.2019.1575320
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos de autismo e síndrome de down aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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