COMPORTAMENTOS RESTRITIVOS E REPETITIVOS EM AUTISMO

O que são comportamentos restritivos e repetitivos?

Uma das características marcantes do transtorno do espectro do autismo é a presença de comportamentos restritivos e repetitivos (RRB – sigla em inglês de “Restrictive and Repetitive Behaviors”). Crianças com RRB podem insistir na mesmice, como querer fazer o mesmo caminho para a escola todos os dias ou exigir que as atividades sejam concluídas, todas as vezes, exatamente na mesma ordem e do mesmo jeito.

Geralmente é detectado na primeira infância. RRBs são padrões comportamentais caracterizados por repetição, inflexibilidade cognitiva, rigidez de comportamento, inadequação e falta de propósito específico.

O que é Flexibilidade Cognitiva?

A flexibilidade cognitiva é a consciência do fato de que cada problema ou situação pode ter várias soluções ou respostas apropriadas.

Sempre que resolvemos problemas ou tentamos analisar e entender as opiniões e perspectivas dos outros, estamos usando a flexibilidade cognitiva.

A flexibilidade cognitiva é uma das funções executivas com as quais as crianças com autismo e TDAH muitas vezes lutam.

A flexibilidade cognitiva também está fortemente relacionada com as habilidades de enfrentamento e habilidades de gerenciamento de estresse.

É também a capacidade do cérebro de mudar rapidamente de pensar em uma coisa para outra.

Rigidez vs. Flexibilidade

Pessoas “flexíveis” são capazes de:

  • Enxergar perspectivas diferentes
  • Considerar diferentes opções
  • Ajustam seus planos quando as coisas não saem como esperado

Ao contrário, pessoas “rígidas” veem as coisas como absolutas. Esperam que as regras, regulamentos, expectativas e planos sejam seguidos de forma completa e precisa. Variações do normal são extremamente angustiantes, geram ansiedade e podem levá-las a colapsos.

A rigidez de comportamento é uma característica marcante em pessoas com autismo.

Essa rigidez de comportamento geralmente leva-as a aplicar regras rígidas a situações que exigem variabilidade e flexibilidade.

Geralmente, regras e regulamentos (especialmente regras sociais) raramente se aplicam de forma rígida, sem variação entre situações e ambientes.

Pensamento rígido leva a:

  • Leitura errada de situações
  • Comportamento inadequado
  • Necessidade de controlar todas as situações para corresponder às suas expectativas
  • Raiva ou colapsos quando as coisas não saem como planejado

Como se manifesta a rigidez de comportamento

A ansiedade causada por esse pensamento rígido e inflexível pode causar muitos problemas de comportamento em crianças autistas. Quando o mundo não anda exatamente do jeito que elas esperam,  podem desmoronar.

O pensamento rígido leva-as a comportamentos desafiadores, como:

  • Resistência ativa a qualquer mudança
  • Tentativas de controle das situações
  • Resistência em seguir a liderança dos outros – visto como um comportamento fortemente oposicionista
  • Auto estimulação repetitiva (como bater as mãos, rodar, andar de um lado para o outro, pigarrear/tossir, etc.)
  • Insistência em seguir rotinas rígidas e ritualísticas
  • Dificuldade em superar sentimentos negativos

Para muitas crianças autistas, esse nível de rigidez as faz se sentirem seguras, pois qualquer incerteza causa lhes grande estresse.

Elas não fazem isso intencionalmente para serem opositores.

É possível notar a rigidez de comportamento em sequências de brincadeiras. A criança espera que a brincadeira de faz de conta se desenrole de uma certa maneira, mas fica aborrecida ou retraída se a sequência da brincadeira for alterada por colegas ou adultos.

Pode-se notar isso também em casa nas rotinas de alimentação ou de vestir que devem ser feitas sempre da mesma maneira. Ou elas podem insistir na forma de colocação de objetos – seja guardando as coisas em um lugar muito específico ou alinhando objetos.

Esses comportamentos são difíceis de mudar porque servem como mecanismo de defesa para prevenir a ansiedade e o estresse.

Como são os comportamentos repetitivos estereotipados?

Comportamentos estereotipados ou estereotipias são definidos como movimentos repetitivos e podem ser exibidos de forma verbal ou corporal orientados para a motricidade fina ou grossa. Comportamentos estereotipados (repetitivos) podem variar drasticamente de uma pessoa para outra. Enquanto algumas repetem as palavras, fora do contexto, várias vezes, outras podem estar exibindo ações físicas, como sacudir ou andar de um lado para outro, bater palmas ou fazer movimentos repetitivos com os dedos.

Comportamentos estereotipados não ocorrem apenas com pessoas com autismo, sendo também comuns em pessoas com deficiências sensoriais ou de desenvolvimento.

Impactos de Comportamentos Restritivos e Repetitivos (RRBs) no dia a dia

Comportamentos restritivos e repetitivos podem ter impacto na vida do autista, em gradações variadas. Ocorrem geralmente em situações de estresse.

Muitas pessoas com autismo sofrem em suas vidas diárias por serem estes comportamentos, muito perturbadores. E também dificultam relacionamentos com os outros.

Os RRBs podem impactar negativamente a comunicação e o envolvimento com o ambiente e as pessoas. Podem dificultar sua educação ou desenvolvimento de habilidades.

Por outro lado, comportamentos restritivos e repetitivos nem sempre são ruins. O interesse restrito e apaixonado por determinados tópicos e atividades pode ajudá-las a construir relacionamentos ou mesmo carreiras. Além disso, eles podem ajudar uma pessoa a superar situações estressantes.

Além disso, estudos iniciais indicaram que crianças com TEA em idade pré-escolar apresentando RRBs tendem a ter piores resultados de linguagem em idade escolar do que seus pares.


Veja em Comportamentos restritivos e repetitivos (parte 2): 09 ESTRATÉGIAS PARA AJUDAR CRIANÇAS AUTISTAS COM RIGIDEZ DE COMPORTAMENTO.


POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre autismo e síndrome de down, aqui publicados, contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo e à síndrome de down.

Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.


Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)

Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR    |     Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC    |    Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC    |     Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP   |     Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC


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