A rotina em crianças com autismo
Crianças e adolescentes com autismo geralmente gostam de rotinas e rituais conhecidos pois isso lhes dá a sensação de segurança e previsibilidade; e não gostam de mudanças. Provavelmente uma criança com autismo pode precisar de ajuda para aprender a lidar com eventuais mudanças nas rotinas.
Mudanças comuns ou novas situações:
- Sair de casa
- Ter visitantes em sua casa
- Ir para algum lugar pela primeira vez, como ir ao dentista
- Mudar de brinquedos, atividades ou tarefas, ou passar de atividades preferidas para outras menos preferidas
- Fazer as coisas em uma ordem diferente da habitual – por exemplo, tomar banho em um horário incomum
- Comer novos alimentos ou usar roupas novas
- Mudança de professores ou de atividades programadas na escola
- Deixar de terminar atividades
- Cancelar uma atividade aguardada – por exemplo, não ir ao parque por causa do mau tempo.
Planejamento de mudanças nas rotinas de crianças com autismo
Existem algumas transições e mudanças nas rotinas que você pode planejar, porque você as conhece com antecedência. São coisas do tipo, sair de casa, ir a uma festa ou a um compromisso.
Se a criança souber previamente o que esperar, poderá lidar melhor com esse tipo de mudança.
Veja estratégias que podem ajudar.
Sequência dos passos
Contar para a criança a sequência das coisas que vão ocorrer ou vão fazer, é uma boa maneira de deixá-la preparada para as coisas diferentes e reduzir seu nível de ansiedade.
Por exemplo, você pode contar cada passo de uma ida ao médico. Procure usar imagens, palavras ou ambos para descrever a saída de casa, o trânsito nas ruas, a chegada ao médico, a medida da pressão arterial e assim por diante. Terminar a história com uma gratificação é uma boa ideia – por exemplo, ‘Quando o compromisso terminar, vamos brincar no parque’.
Ao deixar a criança sabendo antecipadamente o que vem à frente, você pode evitar surpresas e garantir a ela que será uma experiência positiva.
Agenda
Agenda é uma forma simples de deixar a criança sabendo o que vai acontecer e quando. Use imagens ilustrativas e palavras. Por exemplo, tente usar imagens ou fotos de relógios para mostrar a que horas deve acontecer uma determinada atividade.
Crianças com autismo podem ficar chateadas se você lhes disser que uma festa de aniversário termina às 15h e não termina, ou se lhes disserem que a consulta médica é às 10h, mas houve um atraso e não serão atendidas antes das 11h. Em situações como esta, em lugar de horários específicos pode ser útil usar pontos de referência como depois do café da manhã, depois do almoço ou depois da escola. Por exemplo, se você quiser que a criança tome banho mais cedo do que o normal, sua agenda daquele dia deve mostrar uma foto ou imagem de um banho antes e, na sequência, uma foto de uma criança jantando. Crianças maiores podem preferir usar celulares com aplicativos de calendário ou de lembretes para gerenciar eventos e atividades.
Tempo extra
A criança pode se sentir menos ansiosa se puder fazer as mudanças com mais tempo, sem pressa. Por exemplo, para ajudá-la a lidar com a visita de uma pessoa à sua casa, passe algum tempo preparando-a para a visita. Pode falar sobre o que vai acontecer durante a visita ou mostrar algumas fotos de quem vem ou imagens do que vai acontecer.
Ida a novos lugares
Se a criança for convidada para uma festa de aniversário, você pode tentar conseguir levá-la ao local da festa dias antes, num horário ainda calmo, sem agitação.
Desta forma, ela pode se familiarizar com o ambiente sem ser sobrecarregado pelo barulho e pelas pessoas. Você também pode procurar na internet e mostrar imagens do local da festa.
Cronômetros
Se a criança acha difícil terminar uma atividade favorita, o uso de um cronômetro pode ajudar. Defina a hora e deixe seu filho sabendo que a atividade terminará quando o cronômetro tocar. Essa estratégia também pode ajudar a marcar o início de um evento, como sair de casa. Por exemplo, ‘Quando o alarme do cronômetro tocar, é hora de ir’. As crianças maiores podem programar seus próprios horários em seus telefones ou tablets.
Pequenas mudanças
Uma maneira de mudar alguma rotina é introduzir pequenas alterações a cada dia. Por exemplo, a criança pode insistir em tomar o café da manhã primeiro e depois se vestir, mas você quer que ela se vista antes do café da manhã. Você pode começar um dia, apenas colocando as meias dela antes do café da manhã. Quando ela estiver confortável com isso, você tenta colocar as meias e as calças antes do café da manhã, e assim por diante.
Devagar e sempre
Se a criança acha difícil alternar as atividades, tente adicionar lentamente novas atividades, uma de cada vez.
Por exemplo, você quer que ela aprenda a parar o que está fazendo e passe para uma nova atividade, em atenção a seu pedido.
Primeiramente, comece mudando para uma outra atividade já conhecida dela e que você sabe que ela vai gostar. Quando ela tiver completado a nova atividade, elogie-a e dê uma recompensa, como um “toca aqui”, um abraço, um adesivo comemorativo ou um tempo extra no computador.
Continue fazendo isso, só passando para uma outra atividade quando você perceber que atendeu seu pedido de mudança sem contestações.
Em seguida, usando a mesma estratégia, você pode tentar uma mudança mais difícil, como passar para uma atividade nova que ela não tenha feito antes.
Continue praticando até que ela se mostre confortável em mudar de atividades quando você pedir, mesmo que sejam atividades desconhecidas ou coisas de que ela não goste.
Elogie e recompense a flexibilidade
Elogie e recompense a criança quando ela for flexível e conseguir enfrentar as mudanças ou um evento inesperado. Faça com que associe essa habilidade à obtenção de algo que ela gosta.
Tradução de publicação original “Changing routines – ASD” em Raising Children.
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre autismo e síndrome de down, aqui publicados, contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo e à síndrome de down.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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