COMO O “COACHING”EMOCIONAL PODE AJUDAR NA AUTOREGULAÇÃO

Traduzido de HE’S EXTRAORDINARY

O que é “coaching” emocional ?

O “coaching” emocional é um processo de treinamento para guiar uma criança através de emoções intensas, validando, relacionando, nomeando a emoção e mantendo limites. É uma estratégia de co-regulação que ensina crianças a se autoregularem ao longo do tempo.

Primeiramente, as crianças precisam aprender que as emoções são normais, são importantes e precisam ser seguidas (não reprimidas ou evitadas).

O “coaching” emocional é parte de um novo e inovador modelo de tratamento para pais/responsáveis de crianças que lutam com desafios de regulação emocional, chamado EFFT. EFFT sigla em inglês de Terapia Familiar Focada na Emoção (Método desenvolvido pela Dra. Adele Lafrance Robinson e pela Dra. Joanne Dolhanty).

O EFFT ensina aos pais habilidades e técnicas práticas para apoiar seus filhos, independentemente da idade. Pais e cuidadores também precisam treinar (“coach”) a lidar com medos e reações emocionais que podem afetar a capacidade da criança de aprender a auto-regulação emocional saudável.

Os Benefícios do “coaching” Emocional

Pesquisas mostram que crianças treinadas para lidar com emoções conseguem:

  • Ser emocionalmente mais estáveis
  • Ser mais resilientes
  • Ter menos problemas comportamentais
  • Ter menos dificuldades acadêmicas
  • Ser mais autoconscientes de suas emoções
  • Ter relações mais próximas com seus pais/cuidadores

Pais e cuidadores também têm benefícios. Pais, cuidadores e educadores que usam o “coaching” emocional relatam sentir-se mais aptos a se comunicarem de forma mais eficaz e consistente com crianças em situações difíceis, e de lidarem com essas situações de forma menos estressante.

Passos de “Coaching” Emocional Eficaz

O processo de comunicação passo a passo para um “coaching” emocional eficaz é descrito em detalhes mais abaixo.

É importante que os passos sejam seguidos na ordem. Pode parecer estranho no começo, mas com a prática eles vão a fluir mais naturalmente. Com o tempo, você começará a executar esses passos sem nem pensar nisso.

Passo 1: Preste atenção à emoção

Prestar atenção à emoção da criança significa reconhecer que algo está errado ou que seu estado emocional mudou.

Diga algo simples como “Eu posso ver que algo está acontecendo” ou “Opa! Algo acabou de acontecer”

Observação: note que, às vezes, crianças que tiveram seus sentimentos rejeitados com frequência, podem no início ficar na defensiva quando você reconhece suas emoções. Se for esse o caso, é útil combinar a atenção à emoção com a nomeação da emoção (passo 2) em uma declaração rápida e em seguida, validá-la. Por exemplo “Opa! Você está com raiva agora e isso faz sentido porque …”.

Passo 2: Nomeie a Emoção

Dê um nome à emoção da criança. Colocar a emoção que ela está vivenciando em palavras ajuda a desenvolver um vocabulário emocional e a começar a conectar as emoções às sensações corporais. Isso também faz com que ela se sinta compreendida.

Por exemplo: “Posso ver que você está com raiva, agora” ou “Você parece desapontado”.

Crianças com um vocabulário emotivo tem muitos benefícios:

  • Apresentam menos problemas de comportamento, porque conseguem se expressar de maneiras melhores
  • São empáticas e apoiam os outros, porque a autoconsciência também ajuda a entender melhor os sentimentos dos outros.
  • Desenvolvem habilidades saudáveis de enfrentamento
  • Tem relacionamentos positivos e estáveis com os outros. Por exemplo, é mais fácil fazer e manter amigos quando se tem consciência de si mesmo e é empático com os outros.
  • Têm boa saúde mental

Passo 3: validar a emoção

O terceiro passo é a parte mais importante do processo de “coaching” emocional. A criança precisa se sentir compreendida. Você pode não concordar com o comportamento da criança, mas precisa compreender os sentimentos dela. Ela tem o direito de sentir o que está sentindo.

Coloque-se no lugar da criança e imagine estar vivenciando a situação do jeito que ela está vivenciando.

Para validar com sucesso as emoções da criança, use esta estrutura de frase:

Faz sentido que você se sinta ______________ porque ________________________, porque____________________ e porque___________________. (3X)

É importante aceitar, permitir e validar emoções diferentes do que você esperava ou que sejam difíceis de entender.

Isso não significa que você está aceitando ou permitindo um comportamento inadequado – comportamento e emoções são duas coisas distintas. Quando sua criança sente que você a compreende e ela se torna mais consciente de suas próprias emoções, você verá um comportamento menos desafiador. Sobre qualquer comportamento inadequado você pode abordar mais tarde, quando ela já estiver calma e puder conversar com você sobre isso – o que não deve simplesmente acontecer quando ela está em um estado emocional alterado.

Tente dar pelo menos 2, mas de preferência 3 razões pelas quais os sentimentos dela são válidos.

O que você deve e não deve fazer ao validar

  • SEJA o mais específico possível: “Faz sentido que você esteja triste porque foi deixado de fora, dói ser excluído e porque você é o único que não foi convidado para a festa”
  • NÃO “olhe pelo lado bom”: Faz sentido que você esteja triste, mas pelo menos você pode passar o dia fazendo algo especial comigo”
  • USE emoção e tom variado em sua voz: os pais foram sempre instruídos a manterem uma voz calma e firme, estarem atentos a quaisquer inflexões que possam indicar que você também está lutando emocionalmente. Mas para validar, na verdade, o verdadeiro é o oposto. Por exemplo, se sua criança estiver triste, use também um tom de voz baixo e triste para validar os sentimentos dela. Ou, se ela estiver com raiva, use um tom mais alto e enérgico (não gritando com ela, é claro, mas mostrando que você compartilha da frustração pela situação). Isso a ajuda a se sentir mais validada, porque você mostra empatia.
  • NÃO use a palavra “mas”: A palavra “mas” muitas vezes sai naturalmente de nossa boca e você tem que cuidar para evitá-la, porque na maioria dos casos ela leva a uma declaração invalidadora. Por exemplo: “Faz sentido que você esteja com raiva, mas não pode jogar coisas”.

Frases de validação:

Estas são algumas sugestões de frases de validação:

  • Eu entendo (ou eu posso entender) porque você se sente _________ porque (X 3)
  • Eu posso ver como isso pode fazer você se sentir _________ porque (X 3)
  • Faz sentido que você esteja se sentindo _________ porque (X 3)
  • Eu só posso imaginar como isso deve ser difícil porque (3X)
  • Não é de admirar que você esteja _________ porque (3X)
  • “Isto é tão ______________” porque (3X)

Passo 4: Satisfaça a Necessidade da Emoção

Satisfazer a necessidade da emoção significa ajudar sua criança a superá-la. Não significa necessariamente consertar algo que ela quebrou ou dar a ela o que ela quer. Às vezes, só precisamos aprender a nos sentar ao lado, compartilhar com ela a sensação desconfortável, até que passe (isso é conhecido como tolerância ao sofrimento).

A necessidade da emoção depende de qual é a emoção da criança:

  • Tristeza precisa de conforto
  • Medo precisa de segurança e proteção
  • Raiva – dependendo da causa – você pode precisar orientá-la de uma maneira apropriada para estabelecer um limite, ou pode ter que manter seus próprios limites com firmeza, mas gentilmente, e ajudá-la a se acalmar por meio da validação.

Tradução do artigo “How to Use Emotion Coaching to Teach Children Self-Regulation” publicado em HE’S EXTRAODRINARY. Artigo original disponível clicando aqui.


POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre autismo e síndrome de down, aqui publicados, contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo e à síndrome de down.

Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.


Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)

Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR    |     Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC    |    Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC    |     Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP   |     Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC


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