Sobrecarga emocional
Ir à escola pode ser muito cansativo para muitas crianças, física, emocional e mentalmente desgastante. As crianças pequenas gastam muita energia sentadas, tentando ficar quietas e concentradas na aula. Têm regras a seguir, trabalho a completar e responsabilidades a cumprir. Muitas não têm tempo suficiente para brincar, correr e se recompor ao longo do dia. Quando chegam em casa, desmoronam, sucumbem à sobrecarga emocional. Há uma probabilidade maior de ocorrência destas crises depois da escola em crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno do Processamento Sensorial (TPS).
Crises de raiva e gritos são ocorrências muito comuns. Algumas crianças ficam chorosas, enquanto outras gritam, jogam coisas e geralmente ficam irracionais. Crianças maiores podem agir de forma rude e desrespeitosa, insultando pais e irmãos.
Quando demonstram suas crises em casa, junto aos pais, elas sentem que ali estão em lugar seguro e podem se expressar livremente, pois sabem que estes estão ali para ajudá-las e amá-las. Elas confiam nos pais.
Essas crises podem durar todo o ano letivo, mas é mais comum que ocorram nos primeiros meses, tendendo a diminuir à medida que as crianças se ajustam totalmente à mudança de ambiente e horário, e se sintam menos física e emocionalmente desgastadas no final do dia.
Principais funções afetadas
Autoregulação
O dia escolar é repleto de estímulos sensoriais, distrações, regras a seguir, pensamento, processamento e gestão da interação social. Isso pode ser excessivamente pesado para os cérebros em desenvolvimento.
Autocontrole
É difícil manter o autocontrole quando o cérebro está trabalhando incessantemente para processar todas as informações em um dia típico na escola.
Transições
A transição também pode estressar as crianças. A transição de um dia escolar estruturado, em que elas trabalharam o dia inteiro, para o ambiente não estruturado em casa pode ser um desafio.
Algumas recomendações
Mudanças simples e muita atenção dos pais podem ajudar as crianças a lidarem com as emoções devastadoras que muitas vezes se instalam quando o dia termina.
- Deixe as perguntas para depois. Não queira saber, neste momento, sobre o que a criança aprendeu na escola, quanto dever de casa precisa ser feito e o que aconteceu durante o recreio. É preciso dar tempo à criança para uma descompressão, brincar um pouco antes de falar sobre o dia a dia na escola.
- Dê espaço para a explosão e valide as emoções da criança. Enquanto ela grita, joga coisas aproxime-se e diga: “Foi um dia longo, não foi?” “Foi muito difícil o dia na escola, não foi?”
- Uma simples saudação (“Estou tão feliz em ver você!”) e um abraço ou um carinho é uma ótima maneira de começar a criar um “break” no espaço escolar.
- Respeite o tempo de transição. Crianças precisam de tempo para brincar, sair, ler ou criar do seu próprio jeito. Isto é, precisam de tempo para “sair” do ambiente escolar estruturado. Durante esse período de transição, utilize estratégias sensoriais calmantes, como balançar, brincar ao ar livre, brincar com o brinquedo preferido, atividades de arteterapia, pressão no corpo ou inversão da cabeça.
- Rotina ao chegar da escola. A rotina em casa, após a escola, deve incluir bastante tempo para a criança se relaxar e se envolver em brincadeiras livres.
- Esteja presente. Esqueça seu celular e notebooks que afetam negativamente o estado da criança – a mãe ou pai muito conectado ao celular transferem à criança uma sensação de relacionamento distante dos pais. É importante que os pais se desconectem do celular e outras preocupações quando a criança chega da escola. A melhor maneira de se reconectar com os filhos é estar presente quando eles estão em casa.
- Faça contato com os olhos. Ouça com atenção. Deixe a criança falar, sem tentar resolver nenhum problema identificado. Muitas vezes, crianças precisam apenas de alguém para ouvir enquanto trabalham com seus sentimentos e resolvem as dificuldades de autoregulação.
- Jogue junto. Passar um tempo brincando ou lendo juntos ajuda as crianças a saírem dos sentimentos devastadores e alcançarem um estado de espírito mais calmo.
- Prepare um lanche leve. Antecipe-se à fome planejando com antecedência o lanche para depois da aula. Muitas crianças chegam em casa famintas. Faça o lanche com o que a criança gosta. Este não é o momento de experimentar novos alimentos.
- Rotina para lição de casa. Crie uma rotina de fazer a lição de casa sempre no mesmo horário todos os dias. Defina um horário e permita muitas pausas. Se seu filho estiver com dificuldades em algum assunto, encerre a lição e marque uma conversa com o professor e exponha essas dificuldades.
Importante lembrar
É importante que as crianças tenham tempo de serem crianças para ajudar a diminuir o estresse e melhorar seu bem-estar emocional.
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos de autismo aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA) é Especialista em Saúde Mental. Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR, Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC, Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC, Formação em Integração Sensorial -LUDENS- Campinas/SP, Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
Tradução e adaptação: Equipe SevenSenses
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