Vantagens de uma sala de aula inclusiva
Há muitas maneiras de definir o que uma educação inclusiva implica, mas o consenso geral é que todos os alunos, incluindo alunos com deficiência, têm direito a igualdade de acesso a oportunidades acadêmicas e sociais como membros plenos das comunidades escolares (Keys, McMahon e Viola , 2014). Na literatura atual, tem havido uma abundância de pesquisas que refletem as vantagens das salas de aula inclusivas, não apenas para alunos com necessidades especiais, mas também para seus colegas neurotípicos.
Benefícios para crianças neurotípicas
1. Comportamentos pró-sociais melhorados
A mera inclusão de crianças com necessidades especiais nas salas de aula permite que seus colegas típicos promovam uma maior compreensão, bem como atitudes positivas. Isso ocorre porque o ambiente escolar fornece um ambiente para engajamentos repetidos e improvisados entre os alunos de maneira natural. Quando as crianças com necessidades especiais iniciam interações sociais com seus pares, as crianças em desenvolvimento típico aprendem a responder exercitando a tomada de consciência, a empatia, o compartilhamento de negociação e iniciando outras interações. Estas são habilidades cruciais que são a base dos comportamentos pró-sociais.
2. Sentindo-se fortalecido
A oportunidade de modelar comportamentos exemplares para seus pares com necessidades especiais dá às crianças a oportunidade não apenas de praticá-los, mas também de serem imediatamente reforçadas pelo entendimento de que esses comportamentos são desejáveis. Por sua vez, elas estariam mais propensas a demonstrar um nível mais alto de habilidade para tais atividades. Em uma sala de aula inclusiva com várias oportunidades de modelagem, crianças neurotípicas seriam capazes de desenvolver maior confiança, autoestima, liderança e independência; tudo isso levaria a um senso de identidade fortalecido.
3. Compreensão e aceitação ao longo da vida
Estar exposto à inclusão, primeiramente, em uma idade precoce e depois consistentemente ao longo de suas vidas, incentiva as crianças neurotípicas a abordar indivíduos com necessidades especiais com aceitação. Elas não apenas estariam mais propensas a ajudar os colegas nas tarefas relacionadas à escola, mas também estariam mais dispostas a iniciar e promover amizades com crianças diferentes. Essas experiências são cruciais para construir as atitudes certas necessárias para a inclusão não apenas na sala de aula, mas na comunidade.
Benefícios para crianças com necessidades especiais:
1. Melhor compreensão dos comportamentos socialmente aceitos
De acordo com Banda, Hart e Liu-Gits (2010), as interações com pares socialmente habilidosos de nível superior proporcionam às crianças com necessidades especiais a exposição relevante que as leva a imitar as habilidades e comportamentos no futuro. Em um ambiente de sala de aula inclusiva, muitas oportunidades surgiriam para que comportamentos pró-sociais fossem ensinados. Junto com a orientação de professores e colegas, esses alunos seriam capazes de aprender e praticar comportamentos socialmente aceitos em um ambiente natural. Com o apoio certo, é mais provável que sejam capazes de generalizar essas habilidades sociais para os vários aspectos de suas vidas no futuro.
2. Sucesso Acadêmico
Uma sala de aula inclusiva oferece inúmeras oportunidades para crianças com necessidades especiais se envolverem em atividades e rotinas que desafiam o desempenho acadêmico. Pares neurotípicos podem atuar como andaimes naturais de aprendizagem, quando orientados por professores, incentivando a interação entre alunos de vários níveis acadêmicos. Além disso, expectativas mais altas são estabelecidas para esses alunos nessas salas de aula, levando-os a conseguir mais. Por sua vez, crianças com necessidades especiais demonstram ganhos acadêmicos claros, como pontuações mais altas nos testes de desempenho.
3. Melhores resultados de emprego e independência
Em todas as pesquisas atuais, há fortes evidências que sugerem que a educação inclusiva é um pré-requisito para a inclusão social, não apenas em uma idade mais jovem, mas também a longo prazo após a graduação. Isto é especialmente verdade para áreas como emprego e vida social na comunidade (Agência Europeia 2018a). Estar envolvido em um modelo de educação inclusiva pode permitir que crianças com necessidades especiais reduzam os sentimentos de isolamento social precocemente e se tornem jovens adultos confiantes, bem ajustados e independentes em suas vidas diárias.
Conclusão
Em geral, uma educação inclusiva promove um sentimento de pertencimento e satisfação escolar tanto para alunos neurotípicos quanto para alunos com necessidades especiais. Oferece melhores oportunidades de aprendizagem e experiências diversas desde tenra idade. Mais importante ainda, permite que todas as crianças desenvolvam um sentimento de pertencimento e respeito pelas diferenças individuais, de modo a estarem melhor preparadas para a vida na comunidade como crianças e adultos.
Tradução do artigo: “Benefits of An Inclusive Classroom for Both Neurotypical Children and Children with Special Needs” escrito por Junice e publicado em HEALIS AUTISM CENTRE – Embracing Neurodiversity, Empowering Lives.
Veja artigo original clicando aqui.
REFERÊNCIAS
BANDA, D.R., HART, S.L., & LIU-GITZ, L. (2010). Impact of training peers and children with autism on social skills during center time activities in inclusive classrooms. Research in Autism Spectrum Disorders, 4, 619–625.
DOWNING, J., SPENCER, S., & CAVALLARO, C. (2004). The development of an inclusive charter elementary school: Lessons learned. Research and Practice for Persons with Severe Disabilities, 29, 11–24. doi:10.2511/rpsd.29.1.11
EUROPEAN AGENCY FOR SPECIAL NEEDS AND INCLUSIVE EDUCATION (2018A). Evidence of the link between inclusive education and social inclusion: A review of the literature (S. Symeonidou, Ed.). Odense, Denmark. https ://www.europ ean-agenc y.org/resou rces/publi catio ns/evide nceliteraturereview
GUPTA, S. S., HENNINGER, W. R., & VINH, M. E. (2014). First steps to preschool inclusion: how to jumpstart your programwide plan. Paul H. Brookes Publishing, Co.
HOLAHAN, A., & COSTENBADER, V. (2000). A comparison of developmental gains for preschool children with disabilities in inclusive and self-contained classrooms. Topics in Early Childhood Special Education, 20, 224–235.
KEYS, C. B., MCMAHON, S. D., & VIOLA, J. J. (2014). Including students with disabilities in urban public schools: Community psychology theory and research. Journal of Prevention and Intervention in the Community, 42, 1–6.
KOSTER, M., NAKKEN, H., PIJL, S. J., & VAN HOUTEN, E. (2009). Being part of the peer group: A literature study focusing on the social dimension of inclusion in education. International Journal of Inclusive Education,13, 117–140.
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Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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