Sintomas, Causas e Estratégias para lidar com Ansiedade
Sintomas de ansiedade
Sintomas físicos:
- Palpitações cardíacas
- Sudorese
- Tontura
- Dificuldade de respiração
- Desconforto gastrointestinal
- Secura na boca
- Dificuldade de engolir
- Dor de cabeça
- Tremores
- Roer unhas
- Micção frequente
- Comportamentos de auto agressão
- Frequência cardíaca alta em repouso alta (mais de 90 batimentos por minuto)
Sintomas emocionais:
- Preocupação
- Fadiga
- Dificuldade de concentração
- Irritabilidade
- Insônia
- Rigidez
- Agressão
- Evitação de relacionamentos ociais
- Medo de Separação
Causas da Ansiedade em Autismo
A ansiedade pode ser causada por muitas coisas. Abaixo estão algumas razões médicas e não médicas comuns para a ansiedade no autismo.
Causas psicológicas de ansiedade
DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO
Frustração e ansiedade podem resultar por não se conseguir comunicar adequadamente.
ASSÉDIO MORAL
A exposição prolongada ao bullying pode fazer com que crianças desenvolvam transtornos de ansiedade.
Deve-se ficar atento a sinais como ter medo de ir à escola, andar de ônibus escolar ou participar de atividades organizadas com os colegas.
ABUSO
O abuso causará ansiedade em uma criança. Indivíduos com autismo são mais vulneráveis ao abuso devido a dificuldades de comunicação, pouca habilidade social e por serem vistos pelos outros como tendo deficiências cognitivas.
Causas físicas que levam à ansiedade
Muitas crianças com autismo têm comorbidades que podem contribuir e/ou causar ansiedade. Geralmente uma inflamação neurológica pode levar a ansiedade.
É importante uma consulta a um médico que esteja familiarizado com questões de autismo.
INFLAMAÇÃO CRÔNICA SISTÊMICA
Eliminar alimentos que contribuem para inflamação (como açúcar, sabores e corantes artificiais, laticínios, glúten e soja) de sua dieta é a principal maneira de reduzir a inflamação. Alguns médicos podem prescrever suplementos alimentares que ajudam a reduzir os processos inflamatórios.
PANS/PANDAS
Transtornos Neuropsiquiátricos Autoimunes Pediátricos associados a Infecções Estreptocócicas (PANDAS – Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders associated with Streptococcal Infections)
Síndrome Neuropsiquiátrica Pediátrica de Início Agudo (PANS – Pediatric Acute-onset Neuropsychiatric Syndrome).
Ambos são distúrbios autoimunes, em grande parte resultantes de infecções ou gatilhos ambientais que causam ativação anormal do sistema imunológico. Essas infecções fazem com que o corpo crie anticorpos que atacam a região dos gânglios basais do cérebro, causando uma série de comportamentos.
Um surto de PANS ou PANDAS causa grande ansiedade, provavelmente devido à inflamação resultante.
Ao se observar um início súbito de ansiedade, o médico deve ser consultado para prescrição de medicamentos e suplementos que reduzam esses distúrbios.
BAIXO COLESTEROL TOTAL
Geralmente médicos se preocupam mais com o colesterol alto, mas o colesterol baixo também pode provocar consequências. O colesterol total inferior a 145 pode levar à depressão e ansiedade.
DEFICIÊNCIA CEREBRAL DE FOLATO (DCF)
O folato é uma substância essencial para a síntese de mielina (substância branca do cérebro), de purinas e neurotransmissores para o metabolismo de diversos aminoácidos e outras importantes funções. A deficiência cerebral de folato não tratada pode causar ansiedade.
GLUTAMATO ELEVADO E GABA BAIXO
O glutamato é o neurotransmissor mais abundante no cérebro e no sistema nervoso central (SNC). É o principal neurotransmissor excitatório do cérebro. Quando pouco glutamato é produzido a comunicação entre os neurônios torna-se difícil e a pessoa sente mais dificuldade em concentrar-se e mais exaustão mental. Quando muito glutamato é produzido ele passa a ser neurotóxico, danificando neurônios e circuitos neurais.
Já o GABA (ácido gama-aminobutírico) é o contraponto para o glutamato. É o principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central, o que significa que ele reduz a atividade dos neurônios de várias regiões do cérebro, produzindo sensação de calma e relaxamento, modulando contrações musculares e induzindo o sono.
Crianças com autismo tendem a ter muito glutamato e pouco GABA .
HISTAMINA ELEVADA
A histamina é um neurotransmissor que atua nas funções neurológicas. Trata-se de um mediador da inflamação e é produzida pelos mastócitos do organismo em momentos de elevado stresse e/ou alergia. Os mastócitos que são células secretoras multifuncionais do sistema imune participam da regulação da resposta imunológica, pela liberação de mediadores químicos, como a histamina.
Quando os mastócitos são ativados, eles liberam histamina junto com outros produtos químicos inflamatórios. A ativação dos mastócitos está diretamente ligada à ansiedade .
Uma dieta baixa em histamina e a remoção de alérgenos do ambiente podem diminuir os níveis de histamina e, portanto, a inflamação e a ansiedade.
AUMENTO DE BACTÉRIAS PATOGÊNICAS DO INTESTINO
O termo microbiota intestinal (também conhecida como flora intestinal) refere-se à população de micro-organismos, como bactérias, vírus e fungos, que habita todo o trato gastrointestinal, e tem como funções manter a integridade da mucosa e controlar a proliferação de bactérias patogênicas – isto é, consideradas perigosas.
Estudos mostram que quando há um aumento das bactérias intestinais patogênicas os níveis de humor e ansiedade de uma pessoa ficam alterados.
MAU FUNCIONAMENTO DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS
As glândulas suprarrenais ajudam o corpo a lidar com o estresse, seja agudo ou crônico, emocional ou físico. Elas secretam os hormônios (adrenalina e noradrenalina) que regulam a resposta de “luta ou fuga” do corpo. Também ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue, o sistema nervoso, a frequência cardíaca e até mesmo afetam o humor, a ansiedade e a capacidade de lidar com situações-problema.
Recomendações de como lidar com a ansiedade
Além de tratar das causas orgânicas, existem várias opções para ajudar a controlar a ansiedade (algumas indicadas para adultos) como:
- Recursos como quadro visual de horários, quadros de opções
- Técnicas de “mindfullness” (atenção plena) / meditação / yoga)
- Terapia de integração sensorial
- Dieta alimentar
- Exercícios
- Suplementos alimentares/medicamentos prescritos.
Quadro com a rotina de atividades e opções
Muitas crianças são visuais e ver escrito num quadro o que está por acontecer pode acabar com a ansiedade. Recomenda-se montar um quadro com a rotina das atividades, de modo que a criança possa se organizar ao longo do dia. Relógios em local visível podem ajudar a criança a saber a hora em que uma determinada tarefa vai terminar. Permitir que a criança tenha algum controle sobre suas escolhas também pode reduzir a ansiedade.
Terapia de Integração Sensorial / Pressão profunda
A aplicação de pressão profunda faz com que o corpo relaxe porque isso ativa o sistema nervoso parassimpático. Existem muitas maneiras de ajudar a criança a obter um estímulo de pressão profunda:
- Movimentos – pular, rastejar, fazer flexões, empurrar, puxar, carregar coisas, balançar, correr, etc.
- Uso de cobertores pesados, coletes, mochilas, etc.
- Protocolo de Escovação de Wilbarger. É um regime de tratamento específico criado por uma terapeuta ocupacional para modular os estímulos que são recebidos pelos canais táteis e proprioceptivos e ajudar o sistema nervoso central a organizar essas informações. Tem suas origens na teoria da Integração Sensorial e envolve a prática de fornecer estímulos táteis, ao longo do dia, usando uma escova específica e algumas compressões articulares.
- Dieta Sensorial. Exercícios sensoriais em casa.
O QI GONG é uma técnica milenar chinesa, muito utilizada como atividade para relaxamento do corpo e da mente.
Mindfullness – Atenção plena
Estar presente e totalmente engajado com o que estivermos fazendo requer prática. Maneiras para nos ajudar na prática atenção plena incluem o seguinte :
- Técnicas de Respiração Profunda. Estudos mostram que crianças com autismo apresentam dificuldade para respirar fundo e apresentam frequência cardíaca menor do que a esperada durante o exercício físico, possivelmente causada por um déficit no sistema límbico.
- Yoga – estudos mostram que após 12 sessões de yoga houve aumento da calma, tolerância, socialização, melhor postura corporal, contato visual e aumento do estado de alerta.
Terapias
As opções terapêuticas para controlar a ansiedade incluem:
Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Terapia que se baseia em concentrar na mudança de padrões de pensamento
Estimulação magnética transcraniana (TMS). Um procedimento não invasivo que usa campos magnéticos para estimular células nervosas do cérebro para melhorar os sintomas de depressão ou ansiedade
Neurofeedback. Uma terapia passiva de treinamento cerebral que ensina o cérebro a gerenciar melhor a ansiedade.
Dieta
A dieta é a base para toda boa saúde. Existem alimentos que criam inflamação (e, portanto, ansiedade), como açúcar, laticínios, glúten e soja.
Recomenda-se apoio de uma nutricionista para indicação de uma dieta rica em alimentos que pode ajudar no humor.
Exercício
O exercício libera endorfinas no cérebro. As endorfinas são substâncias químicas produzidas pelo corpo para lidar com o estresse e fazer com que uma pessoa se sinta relaxado e feliz. Instituir um regime regular de exercícios pode levar a um resultado saudável.
Exercícios acompanhados de profissionais específicos em cada modalidade, poderão ajudar, tais como, a natação que dá um grande estímulo sensorial; a corrida, um ótimo esporte individual; o boliche que dá um grande estímulo proprioceptivo; as artes marciais e outros.
Suplementos e medicamentos prescritos
Recomenda-se uma consulta ao médico para avaliação e prescrição de suplementos e medicamentos para ajudar a controlar a ansiedade.
Conclusão
Embora a ansiedade seja comumente encontrada no autismo, existem muitas maneiras de ajudar a controlar os sintomas de algo que pode se tornar debilitante. Descobrir o que está desencadeando a ansiedade e tratar a causa raiz também são extremamente úteis. Procurar médicos e profissionais de saúde especialistas pode ajudar a criança a ser mais saudável e feliz.
Texto extraído e adaptado do artigo “Anxiety en Autism”, publicado por The Autism Community in Action. Veja artigo original, aqui:
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos de autismo aqui publicados contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo.
Observação: As informações contidas neste site têm caráter informativo e não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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