O que é excitação?
O termo excitação refere-se a quão acordado ou alerta ou quão cansado você está. Ao longo de um dia normal, é muito normal que a excitação flutue. Alunos e professores precisam ajustar constantemente seus níveis de excitação ao longo do dia e adequá-los às atividades e ao ambiente do momento.
Para efeitos didáticos, pensemos na excitação como degraus ou uma escada. Na parte baixa está o sono profundo. No topo está o alerta máximo, agitado e estressado. Em algum lugar no meio está alerta e desperto. Quando a excitação é muito alta ou muito baixa, é mais difícil para os indivíduos terem um aprendizado ou serem bem-sucedidos no trabalho.
Como as entradas sensoriais afetam o nível de excitação
A excitação, em sua forma mais simples, é o quanto você está acordado, alerta ou cansado/estressado. Quanta atenção e foco você mantém. Há uma série de coisas que afetam o nível de excitação de um indivíduo. Isso inclui as entradas sensoriais do ambiente, bem como seu corpo.
Combinando a excitação com o ambiente e a tarefa
Ao considerar a excitação, é importante observar que não existe um nível ideal de excitação para cada situação. Em alguns ambientes, por exemplo, uma biblioteca ou cinema, espera-se que uma pessoa fique quieta. No entanto, em outros ambientes, como por exemplo, numa partida de futebol ou num playground, espera-se que seja muito mais barulhento e atento. Cada ambiente tem suas próprias expectativas e demandas.
As atividades também requerem diferentes níveis de excitação. Se estiver tentando fazer um bebê dormir, você diminuirá seu nível de excitação para ajudá-lo a dormir. Você pode cantar uma canção de ninar, e certamente não cantaria uma música em voz alta. Por outro lado, ao jogar uma partida de futebol, os níveis de excitação precisam ser muito mais altos para manter o foco e acompanhar a velocidade do jogo.
Ao longo do dia, semana e mês, cada indivíduo precisa, em cada momento, ajustar seu nível de excitação para corresponder ao ambiente e à tarefa. Esse ajuste é chamado de regulação. Alguns indivíduos, particularmente aqueles com problemas sensoriais, acham isso mais difícil. Eles podem precisar de auxílio para atingir o nível de excitação ideal.
Excitação ideal
Excitação ideal é o nível de excitação compatível com o ambiente e a atividade. À noite, a excitação ideal é baixa o suficiente para facilitar o sono. Na escola, a excitação ideal é aquela em um aluno pode se concentrar e participar. No playground ou em uma festa, é normal que a excitação ideal seja um pouco maior, pois há mais movimento e geralmente emoção.
Excitação e processamento sensorial
Alunos com problemas de processamento sensorial geralmente têm mais dificuldade em organizar ou regular sua excitação.
Sensibilidade
Para os alunos mais sensíveis (hiper-responsivos), normalmente as entradas sensoriais da sala de aula aumentam sua excitação. Isso inclui informações do dia a dia, como o sinal da escola, alunos cantando ou a sensação tátil do bastão de cola. Eles podem assim ficar rapidamente sobrecarregados devido às múltiplas entradas sensoriais. Frequentemente, isso resulta em comportamentos como fugir, recusar, evitar, desligar ou ter um colapso. Por exemplo, para um aluno hiper-responsivo ao som, é mais difícil assistir às aulas. Sons, como o sinal de recreio/lanche e portas batendo, o assustam. Isso aumenta sua excitação exigindo dele mais tempo para se acalmar e se reorientar.
Algumas estratégias que professores podem usar para ajudar na hora do lanche são fones de ouvido (abafadores de ruído) ou um espaço mais silencioso.
Busca Sensorial
Já os alunos com um perfil de busca por estímulos sensoriais (hipo-responsivos) têm menor excitação inicial. É que esses buscadores sensoriais estão fazendo esforço para tentar aumentar sua excitação. Eles podem se mover, fazer barulho ou tocar/bater nas coisas. Geralmente são identificados rapidamente e devem ser encaminhados para receberem apoio extra.
Às vezes, um aluno pode parecer estar ativando um sentido, mas na verdade pode estar usando essa entrada sensorial para regular um outro sentido. Por exemplo, eles podem fazer barulho para abafar outros ruídos do ambiente. Ou, ficar mastigando para ajudar a se acalmar.
Alunos que são mais lentos para processar entradas sensoriais tendem a ser mais passivos. Precisam de mais tempo para processar os estímulos. Muitas vezes, a entrada sensorial precisa ter uma intensidade maior para que eles a percebam. Infelizmente, esses alunos muitas vezes são “esquecidos” na sala de aula, pois não causam nenhuma interrupção. É muito importante dar uma atenção extra para eles, pois esta característica os faz menos envolvidos com o aprendizado.
O que afeta o nível de excitação de uma pessoa?
Há uma série de coisas que afetam os níveis de excitação.
Sensações do corpo
Isso inclui fome, doença e dor. É muito mais difícil ficar atento e manter o foco se você estiver com fome. É igualmente difícil se concentrar se você estiver com dor de cabeça. Estas sensações são geralmente agrupadas sob o título de interocepção.
Sono
A qualidade do sono também afeta a excitação. Quando cansado, a excitação costuma ser menor. Mas também, por outro lado, pode aumentar devido ao estresse causado pelo cansaço.
Fatores estressores
No dia a dia há diversos fatores que afetam o nível de excitação. Assim um indivíduo que está preocupado com um exame ou um pai que está cuidando de uma criança doente, terá seu nível de excitação provavelmente maior.
Sensações cumulativas
É importante lembrar que a excitação é cumulativa e aumenta com o tempo. Isso significa que um indivíduo sensível pode ser capaz de controlar uma entrada sensorial por curtos períodos, mas com o tempo sua excitação aumentará. Alguns indivíduos podem ser capazes de administrar e manter-se controlados em uma situação, como numa reunião, por exemplo, mas isso pode levar a um colapso ou desligamento posterior, se não tiverem tempo e espaço para diminuir sua excitação. Para indivíduos que são mais lentos para processar entradas sensoriais, sua excitação pode demorar mais para aumentar em comparação com seus pares.
Expectativas Ambientais
Cada ambiente tem um nível esperado de excitação. Compare uma biblioteca, um estádio esportivo, uma reunião de equipe, uma igreja, um concerto de música e um espetáculo de teatro: há diferentes níveis de excitação “esperados” para cada caso. Cada ambiente tem suas próprias entradas sensoriais. E isso afetará o nível de excitação de um indivíduo. Algumas pessoas podem achar um estádio esportivo muito desagradável e barulhento, enquanto outras podem adorar a energia e o som das arquibancadas.
A atividade
A tarefa ou atividade também afeta o nível de excitação. Se for uma tarefa que o indivíduo considera fácil ou com a qual está familiarizado, provavelmente permanecerá calmo. No entanto, se for uma tarefa mais difícil ou desconhecida, a excitação pode aumentar. Um exemplo perfeito disso é a hora do exame. Para alguns alunos, as condições do exame aumentam seu nível de estresse ou excitação, a ponto de afetar seu desempenho.
Trauma
Uma última coisa a considerar é alguma experiência traumática que o indivíduo possa ter vivido. O trauma conecta o cérebro de uma maneira diferente fazendo com que os indivíduos fiquem hiper alertas para as possíveis ameaças. Ou podem estar acostumados a desligar para se protegerem. Se houver histórico de trauma, recomenda-se que se procure orientação de profissionais capacitados.
Tradução do artigo “Arousal, Attention and Sensory Processing What’s the Links?“publicado em GRIFFIN OCCUPATIONAL THERAPY. Para ler o artigo original, clique aqui.
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Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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