DISCIPLINA PARA CRIANÇAS COM AUTISMO

A importância da disciplina

O objetivo da disciplina é estabelecer expectativas claras e limites saudáveis de comportamentos, e não, punir ou constranger as crianças.

Uma maneira pela qual as crianças podem aprender se um comportamento é apropriado é através da disciplina. Faz parte da educação de seu filho entender o comportamento socialmente aceitável e respeitoso, bem como aprender o certo e o errado. A implementação de estratégias de disciplina pode ser desafiadora, pois exige que os pais imponham consequências ao comportamento inaceitável. Esse desafio é ainda maior tratando-se de uma criança com Transtorno do Espectro Autista – TEA.

Crianças com autismo têm dificuldade em entender sinais não verbais de comunicação social, como expressões faciais e linguagem corporal. Por exemplo, uma criança com TEA pode não reconhecer a expressão de raiva ou a linguagem corporal firme que está sendo demonstrada por outro indivíduo. Portanto, esses mal-entendidos podem tornar as técnicas tradicionais de disciplina menos eficazes para crianças com TEA, pois elas podem não entender as consequências de suas ações. Em vez disso, estratégias mais suaves e consistentes seriam mais eficientes para ajudá-las a lidar com seus comportamentos.

Seja gentil e consistente

Crianças com autismo tendem a aprender por imitação – Se a criança está gritando e fazendo birra, é importante que o adulto fique calmo e responda ao comportamento da criança de forma clara e gentil. Isso permitirá que a criança imite o comportamento calmo do adulto e também regule melhor suas emoções. A consistência também é essencial para uma disciplina segura e eficaz. Pesquisas mostram que a maioria das crianças com TEA responde bem à disciplina estruturada, pois gosta de rotina. A disciplina consistente pode aliviar parte da ansiedade, que é uma característica comum do autismo. Como resultado, se seu filho puder prever o resultado quando se envolver em um determinado comportamento, ele pode não se sentir tão sobrecarregado e aprenderá, com o tempo, o que é aceitável e apropriado e o que não é. Por exemplo, dizer “não” quando a criança está brincando com uma tesoura, consistentemente em qualquer ambiente em que esse comportamento ocorra e não agir de maneira diferente conforme a situação.

Comunique-se com clareza

Além disso, o uso de linguagem clara e simples ao disciplinar crianças com autismo seria a melhor maneira de fazê-las entender o que se espera delas. Essas crianças tendem a ter problemas para entender sutilezas na linguagem verbal ou corporal. Portanto, quando uma criança começa a exibir comportamentos negativos, em vez de dizer a ela o que ela não deve fazer – o que pode confundir a criança, pois ela pode não saber como se comportar naquela situação – direcione-a para o comportamento apropriado e aceitável. Por exemplo, se uma criança está puxando o rabo de um gato, em vez de dizer ‘Pare de puxar o rabo do gato’, pode-se dizer ‘Acaricie o gato com cuidado’.

Compreendendo comportamentos comuns em autistas

No entanto, nem todos os comportamentos devem ser disciplinados, pois alguns comportamentos podem ser difíceis de controlar para crianças com TEA. Por exemplo, a autoestimulação (girar, balançar, bater palmas, etc.) é muito comum em crianças com autismo. Esses comportamentos as ajudam a regular suas emoções e faria mais mal do que bem, tentar disciplinar estes comportamentos.  

Da mesma forma, muitas crianças com TEA são sensíveis a entradas sensoriais. Elas podem experimentar superestimulação ou subestimulação, o que as leva a gritar, morder, machucar-se batendo com a cabeça ou evitar o contato visual. Esses comportamentos são uma forma de aliviar suas necessidades sensoriais. Nesses casos, seria melhor identificar quais estímulos sensoriais estão causando o comportamento e mudar o ambiente, em vez de aplicar a disciplina.

Controlando o Meio Ambiente

Como mencionado acima, o ambiente em que uma criança com autismo é colocada pode desempenhar um papel importante em como ela se comporta. Por exemplo, lugares cheios de gente ou barulhentos podem ser um gatilho para agitação ou frustração. Portanto, sabendo disso, nessas situações, os pais podem evitar levar a criança para esses locais ou simplesmente removê-la desse ambiente antes que qualquer comportamento negativo possa ocorrer.

Recompensas e Consequências

Por último, mas não menos importante, recompensas e consequências são uma das técnicas mais eficazes para disciplinar crianças com TEA.  Quando a criança realiza o comportamento desejado ela recebe uma recompensa como reforço positivo (por ex. dando à criança mais tempo para brincar com o iPad se arrumar o quarto quando solicitado). Por outro lado, quando ela faz um comportamento indesejado, as consequências são cobradas (por ex. reduzindo o tempo do iPad quando ela não arruma o quarto quando solicitado). Assim, é mais provável que a criança realize o comportamento desejado, pois será recompensada, assim como se o comportamento é indesejado terá que enfrentar as consequências.

Conclusão

Em resumo, é importante lembrar que crianças com autismo não se comportam de modo inadequado simplesmente para serem más ou desafiadoras. Elas geralmente estão lutando para se comunicar e lidar com sentimentos desconfortáveis que não sabem como expressar.

Mais importante ainda, é aprender a ouvir e entender as necessidades das crianças com TEA e fazer adaptações adequadas das estratégias de disciplina.  É necessário tempo, esforço e paciência, mas eles conseguem melhorar.


Tradução do artigo: “Discipline for Individuals with ASD” publicado em HEALIS AUTISM CENTRE. Veja artigo original, clicando aqui.


POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre autismo e síndrome de down, aqui publicados, contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo e à síndrome de down.

Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.


Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)

Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR    |     Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC    |    Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC    |     Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP   |     Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC


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