Por que crianças com autismo ficam batendo a cabeça?
Para crianças com autismo, bater a cabeça na parede ou no chão é uma maneira de se acalmar e tentar comunicar algum desconforto ou ansiedade. Bebês e crianças pequenas têm essas reações também quando querem sentir o mesmo que sentiam no útero da mãe. Diversos outros hábitos que indicam esse desejo incluem rodar a cabeça, balançar o corpo, morder e chupar o dedo.
Esses comportamentos geralmente estão associados a:
- Dor física
- Busca de atenção
- Transtornos de processamento sensorial
- Tentativa de se comunicar
O que desencadeia o “bater a cabeça”?
O ”bater a cabeça” pode ser episódico e ser desencadeado por um determinado estímulo ou, pode parecer que começa do nada, de repente, sem motivo aparente.
Monitorar a criança e anotar o que aconteceu momentos antes deste comportamento pode ajudar a identificar o gatilho, o estímulo que o desencadeou.
Em criança com idade de dois anos e meio ou três anos de idade, é provável que esteja:
- Com alguma dor
- Tentando comunicar algo
- Querendo chamar atenção
- Sentindo uma sobrecarga ou um déficit sensorial.
Autoagressão como resposta à dor
Por que uma criança infligiria mais dor ao bater sua cabeça, quando estão sentindo dor ou desconforto? É preciso entender que o ”bater a cabeça” e outros comportamentos de autoagressão, na verdade, são tentativas de se livrar da dor e são também sinais indicadores.
- Verificar o corpo em busca de cortes, hematomas, vermelhidão, inchaço ou outros sinais físicos de lesão.
- Trabalhar com um especialista em comunicação para ajudar a criança a desenvolver novas maneiras de mostrar onde ele está sentindo a dor.
Algumas crianças são capazes de apontar o local da dor, fazer um desenho do que dói ou se comunicar verbalmente usando frases curtas. Crianças verbais podem precisar de ajuda para dizer onde estão sentindo a dor, pois bater cabeça é apenas sua reação instintiva.
Batendo cabeça na tentativa de se comunicar
Uma razão para a criança bater a cabeça pode ser uma tentativa de se comunicar. As crianças não verbais buscarão maneiras de se comunicar, geralmente por meio do movimento. Se uma criança perceber que batendo a cabeça faz com que o cuidador se apresse e intervenha, é provável que ela use isso para que alguém atenda suas necessidades.
Batendo cabeça para chamar a atenção
Não sendo capaz de comunicar seu desconforto de outra forma, crianças com autismo podem estar sentindo uma sobrecarga ou um déficit sensorial. Nesta situação seus neurotransmissores não conseguem processar a sensação. Ruído, imagens, cheiros e gostos podem ser desconfortáveis e opressores para elas. Ao bater a cabeça elas têm a sensação de assim poderem controlar e mesmo eliminar aquele desconforto.
Como tratar uma criança autista que se auto agride?
Primeiro é preciso se certificar de que ela não tem nenhum outro problema de saúde que poderia estar causando dor e desconforto, tais como, infecções de ouvido, problemas de estômago e outras dores no corpo.
Depois, tentar identificar se esse comportamento representa um modo de comunicar, ansiedade ou hiperatividade
Estratégias de tratamento
O tratamento para o comportamento de autoagressão no autismo pode assumir muitas formas e, provavelmente, será um processo de tentativa e erro.
Para crianças hipo-responsivas, os pais podem fornecer:
- Bichos de pelúcia/pequenos massageadores
- Cobertor e colete ponderados
- Cadeira de balanço/balança
Para crianças hiper-responsivas, os pais podem fornecer:
- Fones de ouvido com cancelamento de ruído
- Ambiente monocromático com pouca luz
- Brinquedos sensoriais
Terapia Ocupacional
É recomendável procurar ajuda profissional.
Um Terapeuta Ocupacional (TO) pode ajudar a ensinar a criança a
- Desenvolver habilidades de comunicação
- Desenvolver atividades que ajudem a regular a estimulação excessiva ou insuficiente
- Usar alternativas à autoagressão
Bons resultados são obtidos através de exercícios de estimulação sensorial, estratégias de comunicação e tratamentos comportamentais aplicados sob a orientação de um TO.
Artigo original: Autism, Head Banging and other Self Harming Behavior, publicado por Katherine G. Hobbs, pesquisadora e jornalista da Autism Parenting Magazine. Disponível clicando aqui.
Trechos extraídos e adaptados por: SevenSenses
POLÍTICA EDITORIAL: O site Seven Senses acredita que a educação é a chave para o sucesso no atendimento a pessoas com autismo, síndrome de down e distúrbios relacionados. Trabalhamos para garantir que a seleção de recursos e conteúdos sobre autismo e síndrome de down, aqui publicados, contribuam para a conscientização e apoio a famílias e profissionais que se dedicam ao autismo e à síndrome de down.
Observação: As informações contidas neste site não devem ser usadas como substitutivo de cuidados e aconselhamentos médicos.
Publicado por: Maria Aparecida Griza (CIDA GRIZA)
Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise / PUCPR | Especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa – Gerontologia / UFSC | Especialista em Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência / UNESC | Formação em Integração Sensorial -LUDENS – Campinas/SP | Terapeuta Ocupacional da Seven Senses – Espaço Pediátrico de Integração Sensorial – Florianópolis/SC
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